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quarta-feira, janeiro 27, 2021

Não se mate - Carlos Drummond de Andrade



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 Carlos, sossegue, o amor

é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá

Carlos Drummond de Andrade.

O CUME (POEMA)

 

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No alto daquele cume,

Plantei uma roseira.

O vento no cume bate.
A rosa no cume cheira.

 

Quando cai a chuva fina,
Salpicos no cume caem.
Formigas no cume entram.
Abelhas no cume saem.

Quando cai a chuva grossa,
A água do cume desce.
O barro do cume escorre.
O mato do cume cresce.

Então quando cessa a chuva,
No cume volta a alegria.
Pois torna a brilhar de novo
O sol que no cume ardia.